sexta-feira, 19 de junho de 2020

A noite

Um poema de Pedro Mexia

"A Noite", de Pedro Mexia, traz uma história há maneira de bonecas russas. Uma vez entrados na noite, enquanto for noite, é na noite que ficamos:

"(...) / dentro da noite noite, / e abrindo a noite noite, / outra vez noite, / repetidamente noite depois da noite / a seguir à noite".

Noite é a palavra que persiste a "desenhar" o ambiente do poema. Claro que a noite pode ganhar outros tons, deixando o Sol iluminar a Lua, limpando as nuvens para deixar ver o brilho das estrelas. Mas só quando o sol se dispuser a iluminar o dia [não esquecer que a noite é uma parte das 24 horas do dia], é que a mudança de cenário será radical. Mas isso é cenário que o poema de Pedro Mexia não contempla: nele não existe porta que permita a sua entrada. Se a queremos, não temos outro jeito que não passe por desenhá-la.

Que palavras podemos escrever n'«A Noite», que possam ser, ao menos, um vislumbre de saída?
Procurá-las com a escrita, talvez seja uma forma de entrar, mais profundamente, no poema. Queres aceitar o desafio?

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Boletim Metereológico

Um poema de Jorge Sousa Braga

Antes de mais, repara no título deste poema: Boletim Metereológico- «Metereológico» pode muito bem ser o erro de pronúncia de que o Jorge Sousa Braga se serviu para inventar uma palavra nova: neste caso, uma palavra que serve para identificar a descrição de «estados de alma» [coisas que sentimos], associados ao estado do tempo.

Temos então um «Boletim Metereológico», que dá conta de «aguaceiros (...) que serão de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela e no teu coração».

Depois da leitura do poema, desafio-te a procurar boletins meteorológicos, com os quais possas compor outros «Boletins metereológicos» - talvez mais ótimista, se quiseres.

NOTA: O Mário Viegas pegou num boletim meteorológico, que retirou de um jornal, e organizou-o como se fossem versos de um poema. Depois disse-o da forma que podes VER AQUI >>>, dando a entender que a voz que damos a um texto pode alterar o seu sentido.

domingo, 14 de junho de 2020

Verão

Um poema de Eugénio de Andrade

Ouve o poema;
Depois faz o que tens feito com todos os poemas que te tenho dado a ouvir: oferece-lhe a tua melhor voz. Se tiveres com quem, diz o poema a dois, como fizeram o Mário Viegas e a Manuela de Freitas.

Pela leitura do poema, ficaste a saber [se é que ainda não sabias] que as espécies de caracóis, mais comuns e conhecidas, não se dão bem com o calor. Preferem a sombra e os lugares húmidos. Por isso, o Eugénio de Andrade decidiu que o seu caracol iria à loja do sr. Adão comprar um girassol, que lhe pudesse servir de guarda-sol, para assim evitar morrer com o calor

Temos, então, um poema com um pedaço de um dia de verão do caracol, que não sabemos como acaba, mas que para o caso pouco importa! Porquê? Porque o assunto é o verão: o caracol ao sol é apenas a forma encontrada pelo poeta, para nos fazer sentir o verão

E tu, és capaz de inventar uma forma [parecida ou outra qualquer] de trazer o verão até nós?
Ou o outono?
Ou o inverno?
Ou a primavera?

Se aceitares o desafio, precisas:
  • escolher uma estação do ano;
  • descobrir uma personagem que não se dê bem com uma ou outra característica do seu clima [Ou, se quiseres, podes dar outro caminho à tua "história" e escolher uma personagem que goste];
  • inventar um episódio que descreva o que ela faz para se proteger [da chuva, do frio, do vento, do calor... ] do que quer que seja, de acordo com a situação que escolheres não esqueças que se optaste por uma personagem que se dá bem, ela não precisará de se proteger e o acontecimento terá de ser outro.